É possível um homem engravidar? Conheça como é a gravidez de um homem trans

É possível um homem engravidar? Conheça como é a gravidez de um homem trans

Assim como um homem pode menstruar, ele também pode engravidar. Não, não estamos falando de um avanço histórico na ciência, que provocará mudanças profundas nas definições estabelecidas socialmente. Estamos nos referindo a um homem trans que deseja ser pai. 

Ou seja, não é mérito da evolução científica e, sim, de uma transformação impulsionada por pessoas que, em busca de viver com liberdade, questionam padrões sociais, como orientação sexual e, sobretudo, identidade de gênero. Portanto, enquadram-se no movimento LGBTQIA+

Identidade de gênero

Para entender como um homem pode engravidar, é preciso compreender o conceito de identidade de gênero - em síntese, a letra T da sigla mencionada acima.  Por consequência, você entenderá o que é um homem trans. 

Para tanto, é preciso desprender-se da seguinte noção binária: a partir do momento que o sexo biológico (macho/fêmea) de uma criança é definido, existe apenas um caminho a ser seguido socialmente. 

Em outras palavras, no momento em que o sexo biológico foi designada pelo(a) médico(a), uma mulher, por exemplo, deve se comportar como tal e demonstrar interesse pelo sexo oposto. No caso do homem, a mesma “regra” é aplicada. 

No entanto, há um porém gigantesco aí. O ser humano é muito mais complexo do que isso, o que torna esse pensamento opressor para muitas pessoas! É aqui que entram, por exemplo, homens e mulheres trans, bem como as travestis. No entanto, neste texto, focaremos no homem trans.  

Homem trans

Imagine se olhar no espelho e não se reconhecer, pensar que você está em um corpo que não lhe pertence. Difícil até de imaginar, não é mesmo? No entanto, essa é a realidade de muitas pessoas. 

“É um sentimento de não pertencimento, é muito além de um simples incômodo. É um sofrimento bem grande de se ver em um corpo que ele não sente como sendo dele”, elucida a psicóloga especializada em sexualidade humana, Priscila Junqueira ao G1

Ou seja, são pessoas que não se encaixam no sexo biológico que lhes foi designado ao nascer. Assim sendo, recebem o sufixo “trans”, abreviação de transgênero ou transexual. 

Qual a diferença entre transgênero, transexual e travesti?

No caso específico de um homem trans, ele nasceu mulher, mas identifica-se como homem e, dessa forma, passa a se comportar socialmente como tal. 

Intervenções cirúrgicas 

Ao se auto afirmar como homem, ele possui a possibilidade de fazer apenas modificações estéticas ou recorrer à ciência. Isto é, fazer cirurgias como:

  • Tratamento hormonal; 
  • Mastectomia masculinizadora para a retirada das mamas;
  • Redesignação sexual, popularmente conhecida como “mudança de sexo”. 

Afinal, como um homem trans pode engravidar?

Um homem trans dá à luz a um bebê quando opta por não fazer a cirurgia de redesignação sexual, histerectomia ou ooforectomia. Afinal, ele ainda possuirá o corpo com todo o sistema reprodutor feminino - ovários, tubas uterinas, útero e vagina. Assim sendo, sim, é possível um homem engravidar

E o processo da gravidez dependerá de cada homem trans, assim como é diferente de mulher para mulher. Ou seja, alguns sentirão enjoos, outros não; todos deverão ter acompanhamento médico; podem considerar parto humanizado ou tradicional e optar pelo acompanhamento de doula. 

No entanto, entre gerar uma criança na condição de mãe e gerar uma criança na condição de pai, há uma diferença extremamente importante, que não pode deixar de ser mencionada: a luta diária contra o preconceito.

Afinal, ser um homem trans e grávido no Brasil, que não apenas inviabiliza o direito social das pessoas trans, como é o país que mais mata travestis, transgêneros e transexuais no mundo, de acordo com relatório entregue ao Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), é um ato de extrema coragem e resistência.

Como ajudar? 

Se você não identifica-se como uma pessoa trans, mas acredita que gerar uma nova vida, fora de um relacionamento heteronormativo e cisgênero, deve ser um direito de livre escolha, alie-se à luta, a fim de combatê-la de forma ativa. 

Em outras palavras, tenha empatia, informe-se constantemente, lembre-se de que há várias formas de se viver, impeça comportamentos e ideias violentas, questione falas transfóbicas e conte com a Fleurity nessa luta!

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