Apesar de longo o caminho que marca a luta contra a discriminação racial, infelizmente ainda não podemos dizer que o problema foi extinto - seja em nosso país ou no mundo. Este fato mostra a importância de termos no calendário o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que nos lembra sobre respeito ao próximo e igualdade.
Agora, como participar da discussão de forma a contribuir com a luta contra o preconceito racial e suas implicações em nossa sociedade?
Se você, assim como a Fleurity, sabe o quão relevante é entendermos mais a fundo sobre a luta contra a discriminação, confira tudo a respeito e saiba mais!
Origem do Dia contra a Discriminação Racial
O dia 21 de março ficou marcado como a data em que é lembrada mais fortemente a respeito da luta contra a discriminação racial desde 1966, através de uma resolução das Organizações das Nações Unidas (ONU).
A data foi marcada com um símbolo do “Massacre de Shaperville”, que aconteceu neste dia, em 1960, na África do Sul. Nesta data, cerca de 20 mil negros realizavam um protesto pacífico contra uma lei que limitava os acessos aos quais eles poderiam frequentar.
Durante a manifestação, no entanto, tropas do Exército atiraram contra a multidão, o que resultou em 69 mortos - além de 186 pessoas terem ficado feridas.
O episódio, que ficou marcado na história como Massacre de Shaperville, é relembrado através do dia internacional contra a discriminação racial, como forma de lutar contra o racismo.
De acordo com definição da Declaração das Nações Unidas, “discriminação racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”.
No cenário brasileiro, apesar dos negros representarem aproximadamente metade da população do país, ainda estamos longe de uma realidade social que não inclua o preconceito.
A luta no Brasil contra a discriminação racial ganhou força após a Constituição Federal de 1988, que passou a considerar o racismo como crime inafiançável e sem prescrição.
Cenário do racismo no Brasil e no mundo
Pela história é possível perceber o quanto já é longa a luta contra a discriminação racial, tanto no cenário brasileiro como no mundo. Saindo dos livros para observar a realidade, números confirmam que ainda há muito a se trilhar para alcançar a igualdade racial no contexto social.
De acordo com pesquisa realizada no último ano, pelo PoderData, 82% das pessoas entrevistadas afirmam que ainda existe preconceito contra negros no Brasil. Entre os demais questionados no levantamento, para 11%, não há racismo no país, enquanto 7% não souberam responder.
A triste realidade se mostra ainda mais quando a pesquisa questiona sobre a pessoa ser ou não racista: 38% dos entrevistados disseram ter preconceito contra pessoas negras. 51% disseram que não e 11% respondeu que não sabe.
Como lutar contra a discriminação racial
Por entender a importância do tema e o quanto ainda é necessário lutar por ele - sendo um de objetivos dentre os seus pilares de trabalho -, a ONU reuniu e divulgou no último ano um compilado de orientações a respeito de quatro ações a serem tomadas no enfrentamento contra o racismo.
Agenda da ONU para a Igualdade Racial:
- Parar de negar a discriminação racial: “O racismo sistêmico precisa de uma resposta sistêmica para reverter rapidamente a negação e alterar estruturas, instituições e comportamentos que levam à discriminação direta ou indireta contra pessoas africanas e afrodescendentes durante todas as fases de suas vidas.”
- Acabar com a impunidade: “Assegurar que agentes policiais sejam responsabilizadas e responsabilizados por violações de direitos humanos e crimes contra pessoas africanas e afrodescendentes, acabar com a falta de confiança e fortalecer a supervisão institucional.”
- Ouvir pessoas africanas e afrodescendentes: “Garantir que pessoas afrodescendentes e aquelas pessoas que se levantam contra o racismo sejam protegidas e ouvidas, e que suas preocupações e queixas sejam atendidas.”
- Confrontar legados do passado, tomar medidas especiais e garantir justiça reparadora: “Admitir que por trás das formas contemporâneas de racismo, da desumanização e da exclusão está o fracasso em reconhecer a responsabilidade pela escravidão, o comércio transatlântico de pessoas africanas escravizadas e o colonialismo, e em reparar os danos causados de forma abrangente.”
Onde entender mais sobre o movimento negro e a luta racial
Seja na luta contra a discriminação racial ou qualquer outro movimento em prol de reduzir desigualdades, é fundamental darmos fala a quem tem propriedade para discutir os assuntos, que são tão relacionados à vivências pessoais e coletivas de um grupo social em específico.
Isso, no entanto, não quer dizer que a responsabilidade de lutar contra os problemas que vivemos seja apenas de alguns. Cada ator social possui um importante papel, sendo que todos eles começam no conhecimento.
Reunimos aqui algumas sugestões de livros, documentários e podcasts que vão ajudar para quem quer se aprofundar e saber mais sobre o movimento negro na luta contra a discriminação. Confira!
- Livro “Pequeno manual antirracista”, de Djamila Ribeiro
- Filme “Selma: Uma Luta Pela Igualdade”
- Filme “Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução”, disponível na Netflix
- Podcast “Kilombas Podcast”
- Curta-metragem “Dois Estranhos”, disponível na Netflix
- Documentário “Frente Negra Brasileira”
- Podcast “Afetos”
- Podcast “AfroPai”
A data chega como um marco para refletirmos de que forma cada um de nós colaboramos com um mundo mais igualitário, sem deixar que o tema seja apenas debatido no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial.
Afinal, não só no dia 21 de março, mas em todos os dias temos que lutar contra o racismo, em busca de sua erradicação.
Caso também queira se aprofundar em datas importantes, no blog da Fleurity você encontra diversos outros conteúdos completos, como o Dia Internacional da Mulher, Dia Nacional da Mamografia e o Dia Internacional da Educação. Confira e saiba mais sobre cada um desses marcos!
