Se você sofre com cólicas menstruais intensas, sangramentos irregulares e abundantes, desconforto e inchaço abdominal, dor nas relações sexuais, fique atenta! Os sintomas são sinais de alerta do seu corpo e o diagnóstico pode ser a adenomiose.
Muito frequente e pouco diagnosticada, a adenomiose acontece quando o endométrio, que é o tecido que reveste a cavidade do útero, cresce de forma anormal no miométrio, que é a musculatura uterina.
A doença não é de fácil diagnóstico, pois ela se apresenta clinicamente de formas variadas, inclusive sendo assintomática em alguns casos. De acordo com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a adenomiose afeta entre 31 e 61,5% da população feminina.
O quadro da doença ainda pode provocar infertilidade, devido a alterações funcionais e estruturais decorrentes da adenomiose, que podem estar relacionadas a falhas na implantação embrionária. Saiba mais sobre o assunto!
Como diagnosticar a adenomiose
Como dissemos, o diagnóstico da doença não é fácil, principalmente pelo fato de 35% dos casos serem assintomáticos. Em geral, afeta com mais frequência mulheres na faixa etária entre 40 e 50 anos.
No exame clínico pode-se encontrar um útero aumentado de volume, amolecido e doloroso. Já os exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética, auxiliam na identificação da integridade da zona juncional, uma linha regular de aproximadamente 5 milímetros, que determina o limite entre o miométrio e o endométrio.
Em caso de alterações ou malformações da zona juncional, pode-se obter o diagnóstico da adenomiose.
A doença pode apresentar-se de forma difusa, atingindo toda a espessura do miométrio por focos adenomióticos, ou focal, também chamada de adenomioma, que são lesões semelhantes a miomas.
A classificação de gravidade da doença é feita com base na extensão da invasão do músculo uterino. Quanto maior a proporção do tecido afetado, maior a gravidade. Assim como os sintomas também se relacionam com o grau de comprometimento uterino pelas lesões - quanto maior o comprometimento do útero, mais intensos serão os sintomas.
Adenomiose e infertilidade
As evidências apontam uma relação entre a adenomiose e a infertilidade, podendo prejudicar até os resultados dos tratamentos de reprodução assistida.
São várias as possibilidades levantadas para a ocorrência da infertilidade pela doença: as mudanças na zona juncional podem condicionar a alteração no transporte do espermatozóide através do útero, pela desestruturação da musculatura uterina; ou ainda pelas alterações na vascularização do endométrio, que provocam falha na implantação.
Fatores de risco para a adenomiose
As causas da ocorrência da adenomiose ainda não são bem esclarecidas, mas já se sabem alguns fatores de risco, que podem predispor a doença:
- Curetagem por aborto;
- Parto prematuro;
- Cirurgias uterinas, como cesariana ou remoção de mioma;
- Sangramentos irregulares;
- Início precoce da menstruação;
- Histórico familiar;
- Idade - afeta principalmente mulheres entre 40 e 50 anos.
Qual o tratamento para a adenomiose
O tratamento para a adenomiose é feito de maneira individualizada, variando de acordo com os sintomas e a classificação do estágio da doença.
Sendo assim, o tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico.
- DIU de levonorgestrel: apresentou eficácia na melhora dos sintomas. Além da ação sobre o endométrio, acredita-se que o dispositivo atue diretamente nos focos da adenomiose, diminuindo o volume uterino. Além disso, o uso do medicamento reduz a perda sanguínea e a cólica, podendo provocar ainda a amenorreia, ou seja, a ausência da menstruação.
- Danazol: age diretamente sobre os receptores endometriais de progesterona e androgênios. Sua administração intra vaginal permite que seja levado até as lesões de adenomiose, apresentando bons resultados na dismenorreia e fertilidade após o tratamento.
- Anti-inflamatórios não esteróides: podem ser utilizados para controle de sintomas, aliviando dores e inflamações.
- Tratamento cirúrgico: nos casos de adenomiose focal, pode ser feita a cirurgia de extração do adenomioma. Quando não se encontra muito penetrado no músculo, pode ser feita a retirada do excesso de tecido endometrial dentro do útero, com a cirurgia de laparoscopia.
- Histerectomia: cirurgia de retirada total do útero. É indicada em último caso, quando os tratamentos clínicos não surtem efeito e os sintomas estão agravados com dores constantes e sangramentos abundantes.
Adenomiose e endometriose: qual a diferença?
A adenomiose pode ser considerada um tipo de endometriose. A primeira corresponde ao crescimento do tecido endometrial dentro do músculo do útero. A segunda é caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero, como ovários, intestinos, trompas ou bexiga.
Ambas provocam sangramento e dores intensas e podem ser tratadas de forma medicamentosa ou cirúrgica.
O acompanhamento regular com o ginecologista é fundamental para assegurar a qualidade de vida da mulher que sofre com a adenomiose.
Juntos e avaliando individualmente o caso, é possível chegar a um tratamento eficaz, que deve ser continuado mesmo que haja melhora significativa dos sintomas em tempo menor que o esperado.
Já sabe, né? Sentiu dores, desconforto ou qualquer sinal de alerta com seu corpo, procure ajuda médica. E, caso queira informações e novidades sobre tudo do universo feminino, acompanhe o blog da Fleurity!