O Dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro, mas, você sabe de fato qual é o significado desta data e como surgiu o Dia da Consciência Negra?
Aliás, 20 de novembro foi oficializada como “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra” por meio da Lei nº 12.519, no dia 10 de novembro de 2011.
Essa data foi escolhida para o Dia da Consciência Negra com o objetivo de homenagear Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes quilombolas do país.
Isso porque, Zumbi foi morto em 1695, no dia 20 de novembro.
Sendo assim, essa data é essencial para evidenciar as desigualdades e violências contra a população negra, que infelizmente, ainda existem em nossa sociedade.
Sabendo da importância desta data, vamos falar sobre o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, com o objetivo de lutarmos contra o racismo juntxs.
No conteúdo de hoje você também irá conferir o que é racismo estrutural e expressões consideradas racistas que devem sair do seu vocabulário.
Então, continue a leitura para saber mais sobre a história do dia 20 de novembro!
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Apesar de não haver muitos registros históricos sobre sua vida, sabemos que Zumbi era o grande líder do quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Brasil.
Zumbi dos Palmares comandou o Quilombo dos Palmares por quase 15 anos e liderou a resistência de milhares de negros contra a escravidão.
De acordo com o jornalista Décio de Freitas, Zumbi teria nascido em Palmares, porém, foi capturado e feito de escravo aos sete anos de idade.
Nessa época, Zumbi teria ficado sob os cuidados de um padre jesuíta, que o batizou na tradição católica e o alfabetizou em português e latim.
Segundo as informações do jornalista, aos quinze anos Zumbi teria fugido para o Quilombo dos Palmares e, depois, se tornado líder do quilombo.
No entanto, essa história ainda é questionada por muitos historiadores, já que o jornalista não divulgou os documentos aos quais afirma ter tido acesso para realizar o seu trabalho.
Mas, de qualquer forma, sua resistência é exaltada e tida como um símbolo que representa o movimento negro e abolicionista.
Qual a importância do Dia da Consciência Negra na nossa sociedade
A data tem o principal objetivo de chamar à discussão o pertencimento das pessoas negras, suas culturas e a busca pela sua história.
Trazendo a reflexão sobre os traços escravocratas na população brasileira que se beneficia do racismo estrutural.
Uma pauta importante sobre a data é, sem dúvidas, a discussão a respeito da abolição da escravatura e suas consequências…
Pois mesmo sendo libertas, aquelas pessoas que foram escravizadas durante anos, não receberam apoio do Estado…
Ficando sem amparo, elas não tinham onde morar ou sequer sabiam como conseguir dinheiro para sustentar suas famílias.
No Rio de Janeiro, muitas chegaram com o objetivo de construírem suas moradias nas regiões onde haviam morros, com isso, foram estruturadas as primeiras “favelas”.
Em 1978, surgiu o Movimento Negro Unificado no País, que passou a promover uma série de ações para pensar a consciência negra e lutar contra o racismo no Brasil.
O Dia da Consciência Negra busca resgatar a origem histórica do que hoje conhecemos como racismo estrutural.
Além de debater a situação carcerária da população negra, a falta de representatividade em campanhas culturais, os padrões que ainda se repetem em relação à empregabilidade…
E tantas outras questões sociais e históricas que precisam ser levantadas.
Graças ao movimento, o Dia da Consciência Negra se tornou uma data lembrada todo ano como representativa da luta da população negra.
O que é racismo estrutural?
O racismo enraizado na sociedade brasileira é uma herança discriminatória do período de escravidão…
"O racismo estrutural é a maneira como as pessoas negras e indígenas são colocadas de fora do projeto de sociedade que vivemos.
E por estarem fora, mas ainda presentes, são alvos de silenciamento, embranquecimento e extermínio" - explica a mestre em políticas sociais Obirin Odara para a Revista Glamour.
Infelizmente, quando as pessoas escravizadas foram libertas, elas foram inferiorizadas em conjunto com a falta de medidas e ações para integrá-las na sociedade…
Isso gerou o que se entende por racismo estrutural, isto é, uma discriminação racial enraizada na sociedade.
Ou seja, o racismo estrutural não diz respeito ao ato discriminatório isolado – como xingar pejorativamente alguém por conta da cor da sua pele...
Dessa forma, o racismo estrutural se expressa nas desigualdades raciais presentes na sociedade, sejam elas políticas, econômicas culturais ou jurídicas.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de homicídios de pessoas negras aumentou 11,5% entre 2008 e 2018, enquanto que o de pessoas não negras diminuiu 12% no Brasil.
Além disso, das 4.519 mulheres assassinadas no país em 2018, 68% delas eram negras.
No âmbito econômico, a diferença salarial entre pessoas negras e não negras, tanto em ocupações formais quanto informais, chega em até 73%, segundo o IBGE.
Exemplos de racismo estrutural na sociedade brasileira
Falta de representatividade política
Um dos exemplos é a própria estrutura de poder do Estado: apesar de mais de 50% da população brasileira se autodeclarar negra, apenas 17,8% dos parlamentares que compõem o Congresso Federal é negra.
O mesmo se repete em outras esferas: dos governadores estaduais eleitos em 2018, nenhum é negro e dos prefeitos eleitos em 2016, apenas 29% eram negros.
Falta de representatividade em programas de televisão
Outro exemplo da reprodução do racismo nas estruturas são os programas de TV, que, há pouca representatividade de negros apresentadores de programas e também nos elencos das novelas.
Um dos exemplos foi a novela "Segundo sol" de 2018, que se passava em Salvador, na Bahia, e cujos protagonistas eram todos brancos.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2017, 85% da população de Salvador é negra.
Palavras da língua portuguesa
Essa desigualdade também se reflete em aspectos culturais como piadas e palavras que se difundiram na língua portuguesa do Brasil.
Alguns exemplos de palavras que se utilizam do termo “negro” para referir-se a algo negativo são:
- Denegrir;
- Lista negra;
- Mercado negro;
Outra palavra na língua portuguesa é "criado-mudo", nome dado às mesas de cabeceira.
Os povos escravizados costumavam segurar os objetos de seus senhores e não podiam fazer barulho, por isso eram chamados de mudos...
Por esse motivo, “criado-mudo” é um termo considerado racista!
Dados sobre o racismo estrutural no Brasil
Alguns dados e fatos históricos que ajudam a entender como o racismo estrutural é um problema real no Brasil:
- Em 2018, ano eleitoral, um levantamento mostrou que apenas 4% dos políticos eleitos para o Legislativo se autodeclararam negros, ou seja, somente 65 pessoas entre as 1.626 eleitas;
- Ainda que 56% dos brasileiros se autodeclarem negros, apenas 17,8% da população está entre os mais ricos;
- Entre as pessoas brasileiras mais pobres, os negros correspondem a 75%;
- A maioria da população carcerária do país é composta por negros (65%);
- Em relação à posse de drogas, os negros são mais condenados do que os brancos, ainda que sejam apreendidos com quantidades menores na maioria dos casos;
- No mercado de trabalho, as pessoas negras recebem, em média, R$ 1.200 a menos em relação às pessoas brancas;
- Religiões de origem africana são frequentemente alvos de preconceito e, nos anos de 1930, chegaram a ser proibidas no Brasil.
Diferença entre Racismo Individual, Institucional e Estrutural
Você sabia que o racismo possui três concepções diferentes: individual, institucional e estrutural?
Vamos conferir juntxs a diferença entre os três tipos:
Racismo individual
Essa é a forma de manifestação do racismo é mais evidente.
O racismo individual se refere a atitudes de discriminação e preconceitos raciais praticadas por indivíduos.
Racismo institucional
O racismo institucional acontece quando as instituições públicas e privadas agem de maneira racista, concedendo privilégios a determinados grupos sociais e desvantagens para outros.
Racismo estrutural
Como já explicamos aqui, o racismo estrutural acontece quando se normaliza o preconceito nas relações sociais, econômicas, culturais e políticas.
Nesses casos, mesmo que pessoas ou instituições sejam punidas por atos racistas, essa responsabilização não reduz as desigualdades sociais.
É por essa razão que os especialistas em estudos raciais defendem que a construção de uma sociedade menos desigual só será possível com o fim do racismo estrutural.
Expressões racistas que PRECISAM sair do seu vocabulário
Você já parou para pensar no significado das palavras do nosso vocabulário?
E quantas vezes reproduzimos, mesmo sem querer, expressões e termos racistas?
Esse é o momento de aprender mais e deixar de reforçar os estereótipos da nossa sociedade, que infelizmente, ainda é preconceituosa.
Confira quais são os termos e expressões consideradas racistas:
“Serviço de preto”
Essa expressão é usada para desqualificar determinado esforço e/ou trabalho, ou seja, fazer “serviço de preto” é igual a ser desleixado.
“A coisa tá preta”
A expressão “a coisa tá preta” fala por si só: se a coisa está preta, é porque ela não está agradável, ou seja, uma situação desconfortável é o mesmo que uma situação negra? Isso é racismo.
“Da cor do pecado”
Geralmente essa expressão é usada como elogio, porém, vivemos em uma sociedade pautada na religião, onde pecar não é nada positivo, ser pecador é errado, e ter a sua pele associada ao pecado significa que ela é ruim.
“Não sou tuas negas”
A frase relembra quando se tratava do comportamento para com as mulheres negras escravizadas, que eram assediadas e estupradas.
Com isso, a frase trata a mulher negra como ”qualquer uma” ou “de todo mundo”.
“Morena” ou “Mulata”
As pessoas se sentem desconfortáveis de chamar alguém de negro ou preto pois acreditam ser ofensivo.
Sendo assim, falar “morena” ou “mulata” , embranquecendo a pessoa, “amenizaria” o “incômodo”, e isso é racismo.
Chegamos ao fim de mais um conteúdo aqui no Blog da Fleurity!
Esperamos que você tenha gostado e entendido a importância de lutar contra o racismo que está presente na nossa sociedade.
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