Nada mais comum e corriqueiro do que, ao menstruar, inserir o seu produto de higiene menstrual na rotina e, várias vezes ao dia, quando houver necessidade, trocá-lo sem preocupações.
Pois, infelizmente, essa não é a realidade de um elevado número de pessoas que menstruam. Viver seus ciclos menstruais sem ter um item de higiene adequado é frequente na rotina de quem vive a situação conhecida como pobreza menstrual.
O estudo ‘Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdades e violações de direitos’, lançado em maio de 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) levantou que 4 milhões de meninas não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas e 713 mil meninas vivem em lares sem banheiro ou chuveiro no Brasil.
Sem recursos ou informação, meninas, mulheres e pessoas trans se vêem obrigadas a utilizar de artifícios nada higiênicos ou saudáveis para conter o sangramento: miolo de pão, jornal, panos, papel higiênico ou em alguns casos, nada.
Porém, ter acesso a produtos e condições de higiene adequados é direito de todas. A garantia da dignidade menstrual é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma questão de saúde pública e, fundamentalmente, de direitos humanos.
Reunimos aqui o que você precisa saber sobre os desafios que ainda precisam ser encarados pela sociedade para garantir a todos o direito à dignidade menstrual. Confira!
Menstruação é tabu
Embora faça parte da fisiologia feminina, a menstruação é cercada de tabus, preconceitos e repulsa por grande parte da sociedade.
Aliado a isso, existe ainda a desinformação sobre o ciclo menstrual e o funcionamento do corpo, que dificulta ainda mais a conquista da dignidade, impactando a educação, a saúde e o emocional das pessoas que não têm a garantia da dignidade menstrual.
Não falar ou falar nas entrelinhas sobre o tema, em nada ajuda na superação da pobreza menstrual. O assunto precisa ser amplamente debatido e assumido pelas políticas públicas, para garantir o acesso aos itens básicos de higiene e as condições adequadas de saneamento, essenciais para o desenvolvimento e bem-estar das pessoas que menstruam.
Dignidade menstrual e educação
Não ter o item de higiene necessário durante o período menstrual e outros fatores relacionados a ele (dores, indisposição, falta de ambientes limpos e seguros em casa e na escola, entre outros) fazem com que meninas deixem de frequentar a escola, afetando o desempenho escolar e a continuidade e regularidade do ensino e aprendizagem.
Garantir a dignidade menstrual é um compromisso que possibilita mais educação e oportunidades, com impactos que chegam à vida profissional.
Dignidade menstrual e saúde
Pessoas sem acesso a produtos menstruais ou espaços adequados para higiene improvisam itens, muitas vezes inadequados para atender às suas necessidades ou ainda ultrapassam o limite de horas seguro com o mesmo produto.
Como consequência, surgem problemas que vão desde questões fisiológicas, como alergias e irritações, infecções, como cistite e candidíase, e até a Síndrome do Choque Tóxico, que pode levar à morte.
Garantir a dignidade menstrual é, portanto, uma forma de promoção da saúde, que também deve estar contemplada pelas políticas públicas.
A saúde emocional também deve ser levada em consideração, já que a falta de condições de viver uma menstruação com dignidade pode causar desconfortos, insegurança, estresse, vergonha, contribuindo com a perpetuação das condições discriminatórias sofridas constantemente pelas mulheres.
Como promover a dignidade menstrual
Como vimos, a pobreza menstrual tem impactos significativos na vida de meninas, mulheres e demais pessoas que menstruam, colocando-as em situação de vulnerabilidade e inferioridade.
E como é possível promover a dignidade menstrual? Todos temos responsabilidade para provocar mudanças nesse cenário.
Confira algumas ações necessárias:
Promover a educação menstrual
A educação menstrual é uma ferramenta que permite às pessoas que menstruam o conhecimento sobre o próprio corpo, o ciclo menstrual e a promoção do bem-estar, além da prevenção da gravidez precoce e não planejada.
Promover a igualdade de gênero
A promoção da equidade entre os direitos de homens e mulheres está totalmente relacionada à dignidade menstrual, já que os impactos sofridos afetam a vida de meninas e mulheres em diferentes esferas.
Erradicação da pobreza
O maior desafio global está direcionado na erradicação da pobreza para garantir condições dignas a todas as pessoas.
Preparação de equipamentos escolares
As escolas precisam estar adequadas para receber pessoas que menstruam. Água, banheiros limpos, pias e lavatórios em condições de uso são essenciais para que a evasão escolar seja reduzida.
Políticas públicas eficazes
Facilitar o acesso aos itens de higiene é um dever do Estado. Em março deste ano foi promulgada a lei que cria o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. A norma determina que estudantes dos ensinos fundamental e médio, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias recebam, de forma gratuita, absorventes para sua higiene pessoal.
Este foi um passo dado. É preciso, também, garantir a infraestrutura de água, saneamento e espaços adequados que possibilitem privacidade, segurança e higiene.
Desmistificar o tema
Esse tópico é de responsabilidade coletiva. É fundamental reconhecer que as pessoas que menstruam têm direito à dignidade menstrual. A menstruação é um fenômeno fisiológico e natural, e precisa ser encarado como tal.
Os tabus são agravantes do cenário de pobreza menstrual e inibem uma discussão importante que impacta na qualidade de vida e dignidade de pessoas que menstruam.
Toda a sociedade pode desempenhar um papel importante na promoção da dignidade menstrual. Além dos tópicos citados acima, podemos destacar a doação de itens de higiene a instituições que realizam trabalhos junto a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Garantir que elas vivam seus ciclos com mais tranquilidade e em condições mais dignas é uma forma de minimizar as consequências provocadas pela pobreza menstrual.
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