Ser delicada, se comportar de formas específicas, ter profissões consideradas adequadas e até mesmo a cor de roupa que uma mulher escolhe pode definir o quão feminina ela é diante da sociedade.
Agora, para além dos traços culturais - que muitas vezes são marcados pelo machismo -, você já parou para pensar no que realmente é a feminilidade?
O conceito tem uma forte carga histórica, que ganha novos traços com o surgimento e fortalecimento do movimento feminista.
Para entender melhor o que é feminilidade, a Fleurity reúne aqui tudo o que você precisa saber a respeito. Confira!
O que é feminilidade?
Por definição literal da palavra, o termo feminilidade é um substantivo que significa “qualidade ou caráter de mulher, atitude feminina”.
De maneira geral, a feminilidade está relacionada a um conjunto de atitudes e escolhas que são esperadas das mulheres em um contexto social.
Partindo desse princípio já é possível levantar algumas questões fundamentais a serem refletidas a partir do termo: o que seria uma atitude feminina?
Quem criou e cria diariamente as definições do que é uma característica feminina e o que não é?
Como é o processo de julgamento social daquelas que optam por outros caminhos senão aqueles definidos como femininos?
Em uma sociedade que carrega a própria complexidade do ser humano, é necessário analisar mais profundamente para entender que não dá para simplificar ao compreender a feminilidade em toda sua potência, considerando o contexto envolvido.
Tanto é que, ao longo da história, grandes nomes da filosofia e ciência se debruçaram a categorizar e documentar a feminilidade - chegando aos primeiros registros do conceito.
Qual a origem da feminilidade?
Não dá para falar sobre a origem da feminilidade sem passar pelos estudos e definições de Freud. O médico psiquiatra e criador da psicanálise dedicou grande parte de seus estudos e de suas obras a entender o conceito de feminilidade e suas implicações sociais.
Apesar das grandes contribuições trazidas por Freud em textos como “Sobre a sexualidade feminina”, assim como o conceito de feminilidade é complexo, é difícil também traçar uma linha cronológica de como as características consideradas femininas foram criadas e impostas na sociedade.
Isso porque os conceitos são estipulados e disseminados de inúmeras formas ao longo da história.
A arte, por exemplo, foi e é um importante ator na construção do feminino, já que por séculos a mulher foi representada de determinadas formas pelas pinturas e antigamente essa era uma das poucas maneiras de disseminação da imagem- já que não existiam ainda a fotografia ou qualquer outro elemento de representação.
Dessa forma, as roupas, acessórios e até mesmo as formas do corpo feminino representados ali tiveram grande influência histórica e eram tidos como padrões.
É importante entender também que as características do que era tido como feminino sempre variaram de acordo com contexto cultural.
O que é ser uma pessoa feminina no Japão, por exemplo, historicamente é muito diferente do padrão de feminilidade estipulado ao longo da história em países ocidentais.
O conceito de feminilidade tóxica
Usar uma roupa rosa e justa, mesmo não gostando, para se encaixar em um padrão da sociedade. Parece ser simples, mas definitivamente não é.
A começar pelo básico: nenhuma mulher deveria precisar fazer algo simplesmente para ser socialmente aceita.
Agora, em alguns casos mais extremos, o conceito de feminilidade tóxica chega para evidenciar situações culturalmente aceitáveis, mas que são extremamente violentas à mulher - seja física ou mentalmente.
Um exemplo histórico é o uso do espartilho. O acessório fazia parte do universo feminino por volta de 1800, utilizado para reduzir as medidas da cintura das mulheres, com o objetivo de chegar a um formato do corpo considerado ideal dentro dos padrões da época.
Além do próprio desconforto, já há muito tempo foi comprovado cientificamente como o uso do espartilho pode causar danos físicos às mulheres, incluindo risco de compressão vascular e, como consequência, varizes internas e nas pernas.
O acessório também pode causar dor na coluna, mudança dos órgãos do lugar, entre outros problemas a partir do uso prolongado.
Esse é um bom exemplo para observarmos como é lento o movimento de mudança de algo culturalmente forte.
Apesar do espartilho ter se popularizado há séculos atrás e seus malefícios serem de conhecimento público, ainda é possível encontrar a venda e uso do acessório para reduzir medidas da cintura feminina - o que comprova a feminilidade tóxica e os traços ainda existentes dessa mesma imposição do padrão do corpo feminino.
A feminilidade tóxica representa, portanto, ações que uma mulher toma - conscientemente ou não - para se encaixar em um padrão social, mesmo que ela não queira ou que cause algum malefício em si própria, físico ou emocional.
A feminilidade e o feminismo
Assim como diversos outros conceitos que hoje são visto como equivocados, a feminilidade também passou a ser questionada, principalmente após o surgimento dos primeiros passos do movimento feminista.
Afinal, porque uma mulher precisa se enquadrar em um padrão social para ser considerada feminina por critérios definidos por uma outra pessoa?
Os questionamentos trazidos pelo feminismo começaram a romper padrões no intuito de dar liberdade de escolha à medida em que empodera a mulher no contexto social.
Isso, infelizmente, não quer dizer que ainda estamos livres de pressões sociais e internas que nos direcionam aos mesmos padrões históricos.
A busca pela dita “beleza ideal” ainda hoje é vista nas redes sociais e campanhas publicitárias - reforçando algo que segue enraizado em nós enquanto sociedade. Afinal, não é simples mudar uma cultura tão forte e histórica.
De toda forma, mesmo que lentamente, o feminismo e a força da mulher ganham espaço a cada dia, proporcionando que cada uma defina o que é ser feminina e de que forma quer se mostrar ao mundo - se encaixando, ou não, nesses critérios do que ela considera ser a feminilidade.
O mais importante é saber que cada mulher tem o poder de criar seus próprios padrões e, juntas, alterarmos uma cultura que impõe ao invés de libertar.
Escolhendo as roupas que quer usar, trabalhando com o que tem vontade e se comportando como acha que deve, mudaremos aos poucos o significado do termo feminilidade.
Para que o feminino deixe de ser um conceito coletivo, para que seja algo individual.
Concorda?
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