Após nove meses de emoções que vão da ansiedade ao nervosismo pelo o que está por vir, a mãe se depara com o bebê nos braços e um mundo novo a ser explorado. Troca de fraldas, amamentação, readaptação do casal…muitas novidades fazem do puerpério desafiador.
Agora, apesar de muito se falar das dificuldades do período pós parto, é na prática que percebemos toda a potência avassaladora enfrentada por cada puérpera.
Está se preparando para este momento ou precisa estar preparada (o) para ser a rede de apoio de uma mulher que vai parir em breve?
Pois nada melhor do que a informação! Reunimos aqui tudo o que precisa saber sobre o puerpério, incluindo as mudanças hormonais vividas no período, o impacto emocional delas, além de dicas de cuidados práticos. Confira!
O que é o puerpério?
Tecnicamente, o puerpério é um período que se inicia no momento do parto e vai até 45 dias após o nascimento do bebê. Apesar da previsão de um mês e meio de duração, é fundamental entender que esse período varia de mãe para mãe, podendo, inclusive, ser muito mais longo para aquelas que amamentam por um período mais longo do que os 45 dias.
Especialistas consideram o término do puerpério quando todos os órgãos (exceto as mamas, que ainda estão em função da amamentação) já retornaram às condições anteriores à gravidez.
Depois do corpo feminino apresentar diversas modificações durante a gestação para o desenvolvimento do bebê e depois para o momento do parto, o puerpério é a hora do organismo se reajustar.
Com tantas alterações fisiológicas acontecendo, ao mesmo tempo em que as demandas com o bebê seguem a todo o vapor, o puerpério pode ser dividido em três fases a partir do tempo desde o nascimento.
Características de cada fase do puerpério:
Puerpério Imediato (1º ao 10º dia)
- Já é considerado puerpério assim que a placenta é expelida pelo corpo da mãe, após o nascimento do bebê;
- É esperada uma perda de peso por parte da mãe, que já não carrega o peso extra do bebê, placenta e líquido amniótico. A redução de peso pode chegar em até 5 quilos nos primeiros 10 dias e seguir nessa tendência de queda nas semanas seguintes devido ao gasto calórico provocado pela amamentação;
- Neste período ocorre o pico máximo de produção da ocitocina - hormônio que tem sua produção diretamente ligada à amamentação e auxilia na criação do vínculo entre a mãe e o bebê;
- É comum que a mãe sinta um desconforto na vulva quando o nascimento for por via natural, reflexo da passagem do bebê;
- Nesta primeira fase do puerpério, também é comum que a mulher tenha uma espécie de “menstruação”, que na verdade é a eliminação por parte do corpo da camada que reveste as paredes internas do útero durante a gestação.
Dicas para o puerpério imediato:
- Compressas levemente geladas ou feitas com alguns chás calmantes - como a camomila e/ou a erva cidreira podem ajudar a aliviar o desconforto na vulva sentido por algumas mulheres no pós parto;
- Apesar de muitos acreditarem ser um processo natural, a amamentação pode ser desafiadora para muitos até que mãe e bebê saibam exatamente o que fazer. Para evitar desgastes físicos e emocionais, um ótimo caminho, quando possível, é contar com uma consultoria de amamentação;
- As alterações hormonais, cansaço físico e privação de sono são alguns dos fatores que tornam os primeiros dias após o parto tão difíceis - afetando diretamente o emocional da mãe. O suporte emocional se faz muito importante nesse momento, seja ele da família, amigos ou profissional.
Puerpério Tardio (10º ao 45º dia)
- A amamentação tende a já chegar em uma rotina saudável, mas em diversos casos também pode acontecer da mãe ainda sentir desconfortos ou até apresentar rachaduras nos seios pela sucção;
- Algumas mães ainda sentem a mama muito dura em alguns dias, pela produção de leite ser maior do que a demanda do bebê. Precisa-se atentar a qualquer dor aguda ou febre que pode sinalizar uma infecção no ducto mamário - que precisa ser tratada pelo médico ginecologista;
- O endométrio - parte interna do útero - está em fase de cicatrização para retornar à forma anterior à gestação;
- As alterações hormonais continuam acontecendo, o que pode refletir em oscilações de humor.
Dicas para o puerpério tardio:
- Para aliviar o desconforto da mama cheia pode-se colocar uma compressa morna nos seios;
- Nesses casos, também é interessante retirar parte do leite com uma bombinha própria para isso, quando o desconforto for maior. É importante tomar cuidado para não retirar o leite com tanta frequência nas primeiras semanas, que é o momento em que o corpo está ajustando a produção à demanda do bebê;
- Após a consulta médica pós-parto e com a liberação do ginecologista, o puerpério tardio pode ser um ótimo momento da mãe dar pequenos passeios ao ar livre - com e sem o bebê, que serão ótimos para sua saúde física e mental.
Puerpério Remoto (a partir do 45º dia)
- Não existe uma duração exata do período que engloba o puerpério remoto, que pode chegar ou ultrapassar os 60 dias desde o parto;
- Nesse período muitas mulheres ainda seguem sem seu fluxo menstrual habitual - o que pode acontecer até um ano após o nascimento do bebê;
- As mães que seguem amamentando exclusivamente podem sentir queda de libido no período, devido às mudanças hormonais que ocorrem no puerpério.
Dicas para o puerpério remoto:
- Quase dois meses de dedicação quase exclusiva ao bebê e diversas alterações hormonais vividas pela mãe podem fazer com que o casal se desconecte física e emocionalmente. O puerpério remoto pode ser um bom momento para retomar essa conexão, que não necessariamente precisa ser de forma sexual;
- Também pode ser um período propício para a mãe retomar uma atividade física que seja autorizada pelo médico ou um momento que te gere prazer. Nada melhor para voltar também a se conectar consigo mesma!
Importante sempre lembrar que, independentemente dos sintomas sentidos ou não por cada mãe, é necessário seguir com o acompanhamento médico após o parto junto ao ginecologista - que irá acompanhar a mulher no puerpério. Geralmente a primeira consulta pós-parto acontece cerca de 6 semanas após o nascimento, mas o período pode variar de acordo com a orientação de cada profissional.
Com tantas mudanças e novidades, no próprio corpo e nos cuidados com o bebê, fica realmente difícil se preparar para um momento tão único como o puerpério.
Além de adquirir informações e buscar o suporte de uma rede de apoio, quando possível, o melhor caminho é sempre o do autoconhecimento. Assim, entendendo cada detalhe do seu corpo e da sua mente, é possível perceber as alterações mais sutis, racionalizar o que for possível e chamar por ajuda quando for necessário.
Afinal, se é necessária uma aldeia para cuidar de uma criança, a mãe puérpera também precisa de vários olhares cuidadosos e colos disponíveis para ajudar no momento em que sua maternidade está sendo construída - com todos os desafios que isso traz!
Se está dando ou vai dar os primeiros passos na louca caminhada de ser mãe, no blog da Fleurity você encontra diversos outros conteúdos que vão te ajudar nessa jornada. São dicas que vão desde a saúde menstrual da mulher, até os desafios de ser mãe solo. Confira!