Você sabia que, anualmente, o dia 11 de fevereiro é dedicado ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência? Pois então, a data foi estabelecida, em 2015, pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Com qual objetivo? Com uma forma de fortalecer o compromisso que existe, enquanto sociedade, na luta da igualdade de direitos entre homens e mulheres, a partir do ponto de vista da área da Educação.
E qual a melhor forma de demonstrar a importância do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência? Através de fatos, dados.
Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), as mulheres, em 2021, corresponderam a apenas 35,9% dos títulos de doutorado concedidos na área de Ciências Exatas e da Terra e 36,6% na área de Engenharias e em Ciências Agrárias.
Ou seja, menos da metade em comparação aos homens. Logo, falar sobre mulher na ciência é falar sobre equidade de gênero - são pautas que se equivalem.
“A mulher para ser reconhecida na ciência, precisa ter habilidades muito superiores às dos homens. O sarrafo para nós é mais alto”, conclui a doutoranda em Biologia Molecular, Yuli Maia.
Assim sendo, celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é lutar pela adoção de estratégias institucionais, tal como políticas públicas abrangentes, para que mulheres e meninas possam se identificar com essa área de estudo.
É lembrar que campo científico também é coisa de mulher e que temos o direito de ocupar todas as áreas do conhecimento, acima de tudo as que são, historicamente, dominadas por homens brancos.
À vista disso, desde 2015, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) celebra a data e conta a trajetória de mulheres importantes, inspiradoras, tais como as cientistas Yara Maria Traub-Csekö, Rachel Niskier e Tizuko Shiraiwa.
No entanto, como tudo não são flores, a sociedade patriarcal não é o único grande inimigo de meninas e mulheres na ciência. Há, atualmente, uma forte onda de teorias negacionistas.
Negacionismo científico: o que é?
Hoje em dia, o principal inimigo da produção científica, assim como dos historiadores, não somente no Brasil, é o negacionismo - termo popularizado com as mudanças climáticas, bem como a chegada da pandemia da Covid-19.
No entanto, a origem do negacionismo é antiga e possui relação com o regime Nazista, de acordo com a pesquisa “Negacionismo: História, Historiografia e Perspectivas de Pesquisa”.
O termo referia-se a indivíduos que negavam o extermínio em massa dos judeus, durante 1933 e 1945, e foi criado pelo historiador Henry Rousso. Os mesmos grupos contrariavam os métodos de tortura pelas quais os povos judaícos eram submetidos
O que são pessoas negacionistas?
São pessoas que, mesmo com evidências ou argumentos, se recusam a aceitar a existência e a validade de algo, pois preferem acreditar que estão sendo enganados por um motivo maior, normalmente de cunho político.
Especificamente em relação ao Covid-19, em março de 2020, os negacionistas contestaram veemente o perigo extremo que a contaminação gerava. O uso correto de máscaras e o distanciamento social foram completamente ignorados.
O resultado? Mais de 640 mil mortes (até então) e um colapso no Sistema de Saúde. E com o surgimento das vacinas, as teorias conspiratórias continuaram. Muitos negaram a eficácia delas, a partir de argumentos xenofóbicos, religiosos, entre outros.
E mesmo após quase dois anos do enfrentamento à pandemia, pode-se dizer que a perspectiva não é positiva. Não apenas pelo surgimento das variantes, como a omicron, mas pela resistência à vacinação.
Isso porque, de acordo com dados da Folha de São Paulo, quase 20% da população brasileira sequer tomou a primeira dose e somente 26,6% possui a dose de reforço (terceira).
Negacionismo: o papel da internet
A internet, com destaque para os grupos de WhatsApp e redes sociais, torna-se um espaço de encontro e troca entre quem se recusa, apesar das evidências científicas e históricas, a aceitar fatos e evidências.
Ou seja, uma mídia que deveria ser democrática, oferecendo acesso à informação de qualidade para todos, acaba por transformar-se em um canal de veiculação de notícias falsas (fake news).
E são essas notícias distorcidas que, para algumas pessoas, causam medo e tornam-se verídicas, mesmo não sendo fundamentadas.
A partir disso, e após as eleições de 2018, agências especializadas em fast-checking, ou seja, que checam notícias rapidamente, começaram a surgir e ganhar visibilidade.
O método não é novo, sempre existiu em veículos de comunicação tradicionais, principalmente os impressos de grande porte. No The New York Times, por exemplo, além do repórter responsável pela matéria, existia uma pessoa dedicada à checagem dos fatos presentes no texto.
No entanto, com a internet e o conteúdo falso que roda nas redes sociais sem precedentes, o jornalismo precisou iniciar um novo ciclo e essas agências tornaram-se essenciais.
Quem são as agências de checagem?
No Brasil, é possível enumerar cinco agências de grande credibilidade:
A Agência Lupa ocupa o primeiro lugar da lista, não apenas por ser a primeira do, mas por fazer um trabalho extremamente rápido e com excelência. Ligada ao jornal Folha de São Paulo e, por consequência, à revista Piauí, está presente em várias mídias como Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e YouTube.
O trabalho de investigação da Lupa começou vinculada aos períodos eleitorais, no entanto, hoje faz outras verificações de notícias falsas que circulam nas redes sociais. De qualquer forma, é justo dizer que seu cunho político ainda reverbera.
Já a agência Pública, apesar do projeto Truco, ainda possui uma cara de jornalismo investigativo - e dos bons. Criada em 2011 por jornalistas mulheres, é uma instituição sem fins lucrativos que avalia notícias que envolvem administração pública e, sobretudo, defesa dos direitos humanos.
Por fim, as notícias e reportagens podem ser acompanhadas pelo site, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, WhatsApp e Telegram. Escolha um canal e acompanhe. Você não vai se arrepender!
Na verdade, Aos Fatos é uma empresa do Simples Nacional, registrada como agência de Notícias. Com base em ferramentas do jornalismo investigativo, faz o monitoramento e investigações de campanhas de desinformação na internet, tal como checagem de fatos.
Assim como a Fato ou Fake, a agência Aos Fatos utiliza de selos para marcar suas verificações que, no site, foram editorias: falso, contraditório, insustentável, exagerado, impreciso e verdadeiro.
Curtiu? Você pode acompanhar o trabalho do Aos Fatos no Twitter, Instagram, Facebook e WhatsApp.
Das cinco agências citadas, a Fato ou Fake pode ser a mais conhecida, uma vez que é uma iniciativa realizada pela Globo. Ademais, o objetivo do serviço é o de focar e apurar notícias que estão sendo muito compartilhadas nas redes sociais e, a partir daí, receber três selos: “Fato”, “Fake” e “Não é bem assim”.
As avaliações das notícias podem ser acompanhadas, tanto no site da Globo, quanto em notícias e reportagens ao Vivo. Além disso, a pessoa pode utilizar o WhatsApp para enviar um link, texto, foto, áudio ou um vídeo e receber um dos selos acima citados.
O projeto Comprova reúne jornalistas de 40 veículos de comunicação brasileiros para investigar informações suspeitas sobre três temas: políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19.
Como leitora e cidadã, você pode acompanhar o trabalho realizado pelo Twitter, Facebook e até enviar uma mensagem no WhatsApp caso leia algo suspeito.
Por fim, com tantos canais de qualidade à disposição, não existem razões para contribuir, seja de forma passiva ou ativa, para o negacionismo científico. Afinal, quando negamos o que foi provado, tiramos os holofotes de problemas reais.
Em outras palavras, viramos as costas para discussões importantíssimas, tal como a disparidade de gênero no campo científico, tema sustentado pelo Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.
E aí, curtiu a reflexão? Já que estamos comemorando a existência de mulheres importantes, você sabe quem foi Maria Quitéria? Confira o texto e até a próxima!