Mito da beleza: por que é tão difícil se sentir linda?

Mito da beleza: por que é tão difícil se sentir linda?

Com que frequência você se olha no espelho e se sente verdadeiramente linda? Para a grande maioria das mulheres, essa é uma situação bem rara graças ao que chamamos de mito da beleza.

Isso acontece porque não fomos ensinadas a olhar para a nossa própria imagem com empatia. Por isso, tendemos a enxergar o belo apenas nos outros corpos, nos outros rostos, nos outros cabelos. Ou seja, naquilo que não é nosso por natureza.

Mas, a verdade é que é possível aprender a olhar com mais carinho para o nosso reflexo. E, o primeiro passo para isso, é entendermos juntas como o mito da beleza influencia na nossa autoestima. Vamos lá?

Afinal, o que é o Mito da Beleza?

O mito da beleza é um conceito trazido por Naomi Wolf, em seu livro chamado “Mito da Beleza — como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”, publicado pela primeira vez em 1990.

O livro foi um dos primeiros a tratar a beleza como um mito e, principalmente, como uma forma de opressão das mulheres. Por isso, ele se tornou um clássico fundamental para desconstruir a relação que definimos entre beleza e identidade feminina.

Na obra, Naomi traz insights precisos de como as mulheres sempre se tornam reféns da sociedade de alguma maneira. Essa ideia fica mais clara quando pensamos que o mito da beleza começou a ganhar força enquanto as mulheres lutavam contra as limitações da figura de “cuidadora do lar”. 

São padrões sendo substituídos por outros padrões. Se rompemos com as barreiras de um lado, outras armas de controle e dominação são exercidas para frear a nossa evolução. Ou seja, alguém sempre está ditando as regras sobre a nossa existência. 

No geral, a ideia é que quanto mais ocupadas estivermos tentando nos adequar ao mito da beleza, menos tempo e energia teremos para buscar a liberdade intelectual, sexual e econômica.

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Padrões = Lucro (para quem?)

Se entendemos que o mito da beleza é uma forma de frear a evolução das mulheres nos espaços de trabalho, de cultura, da religião e da sexualidade, a pergunta é: por que não conseguimos simplesmente romper com ele?

Isso acontece (ou não acontece, nesse caso) porque, além de ser uma arma de controle social, os padrões de beleza também são fonte de lucro para toda uma indústria que ganha — e muito! — vendendo insatisfação com a sua imagem no espelho.

Assim, nos ensinam que tudo que é natural deve ser odiado: manchas, celulites, estrias, envelhecimento, pouco seio, muito seio, coxas muito grossas, coxas muito finas. Em resumo, nada que é nosso é bom.

Com isso, a promessa da autoestima e de finalmente se encaixar no padrão é vendida por meio de medicamentos milagrosos, procedimentos estéticos invasivos e dietas absurdas. Tudo isso consumindo nosso tempo, dinheiro, energia e, principalmente, saúde física e mental.

A indústria da beleza é perigosa e lucra bilhões de reais nos obrigando a ser aquilo que não somos:

  • O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no planeta (fonte);
  • As mulheres são as pacientes mais prováveis para cirurgia plástica facial (fonte);
  • O silicone é a cirurgia plástica mais realizada no mundo (fonte);
  • O número de plásticas em adolescentes entre 13 e 18 anos cresceu mais de 140% nos últimos 10 anos (fonte);
  • 75% dos cirurgiões entrevistados em uma pesquisa já receberam pacientes que queriam parecer melhores em selfies (fonte).

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A beleza não é um padrão 

Apesar do que nos ensinaram a pensar, a verdade é que a beleza é um conceito mutável e, principalmente, não é universal. Ou seja, a ideia de beleza que temos pode variar de acordo com a cultura e com o passar do tempo.

No geral, o que consideramos bonito hoje, pode não ser amanhã. Mais além, o que consideramos como belo por aqui, pode ser visto como feio em outros lugares do mundo.

Na Renascença Italiana, por exemplo, o padrão de beleza para as mulheres era ter o corpo cheio, quadris largos e muitas curvas. Esse modelo, inclusive, também predominou por grande parte da pré-história, quando a obesidade era sinônimo de fertilidade e riqueza.

Mesmo os cabelos longos, que são um dos maiores símbolos do padrão de beleza atual, nem sempre ocuparam esse status. Nos anos 20, as mulheres consideradas mais bonitas eram aquelas que tinham o cabelo bem curto.

E se engana quem pensa que essas grandes diferenças sobre o ideal de beleza não existem mais. Na África, por exemplo, em uma tribo chamada Fulani, ter a testa grande é sinônimo de beleza para as mulheres.

Já no Japão, a nova moda é ter os dentes desalinhados. Muitas mulheres chegam, inclusive, a fazer procedimentos estéticos para ficar com os dentes tortos ou encavalados, um processo totalmente contrário ao que fazemos no Brasil.

Tudo isso só ajuda a reforçar a ideia do mito da beleza. A verdade é que não importam quais sejam os símbolos do belo, o ideal sempre será aquilo que é inalcançável e que coloca as mulheres em uma rede de controle e dominação.

Cuide-se como você cuida de outras mulheres!

Desde sempre, as mulheres foram ensinadas a olhar para a aparência feminina com um olhar crítico e, muitas vezes, cruel. Entretanto, essa corrente pode ser facilmente quebrada com um pouco de empatia.

Parece clichê, é verdade. Mas temos certeza que você consegue listar três coisas que admira fisicamente na sua melhor amiga com muito mais facilidade do que consegue listar sobre si mesma, certo?

Por isso, o segredo para acabar com o mito da beleza é aprender a olharmos para nós mesmas com o mesmo carinho e cuidado com que olhamos para as mulheres queridas que estão à nossa volta.

Acredite: você não precisa de nenhuma cirurgia plástica ou dieta mirabolante. Só precisa olhar para o espelho e buscar uma amiga, não uma inimiga na imagem que vê refletida.

É difícil, mas totalmente possível aprender a exercitar o amor próprio quando entendemos que um corpo lindo é um corpo saudável, amado e, principalmente, livre! 

Acesse o blog da Fleurity e conte conosco nessa jornada longa e linda de autoconhecimento. Até lá! ❤️

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