Como é o período menstrual por aí? Sente muitos desconfortos e dores? E se houvesse uma lei que te garantisse um afastamento de três dias do trabalho durante esse período, te ajudaria?
O governo da Espanha aprovou recentemente a primeira licença menstrual remunerada da Europa e levantou por todo o mundo a discussão sobre os impactos da menstruação na vida produtiva da mulher - tópico historicamente ignorado pelo mundo corporativo.
No Brasil já houve proposta semelhante, apresentada no projeto de lei nº 6784, de 2016, do deputado Carlos Bezerra, porém arquivada em 2019.
A medida aprovada na Espanha, que segue para análise do Parlamento do país, considera a licença para qualquer mulher que sofra de sintomas menstruais severos. Saiba mais sobre o assunto e como isso pode impactar a vida das mulheres!
As mulheres e o período menstrual
Antes de mais nada é preciso compreender que as mulheres que ovulam são cíclicas. Até a menstruação descer, de fato, muita coisa acontece entre o cérebro, os ovários e o útero. As mudanças hormonais ocorridas durante o ciclo menstrual refletem no corpo e na mente, com alterações no humor, na pele e também nos sentimentos.
Entender esse ponto já nos abre para uma reflexão frequentemente ignorada e incompreendida, principalmente no âmbito profissional. Há dias que são bons e outros não. Há dias em que a disposição está lá em cima e outros em que o sofá é seu melhor lugar. E tudo isso é normal.
Se o tabu associado ao assunto menstruação dificulta o entendimento de muitas mulheres sobre essas fases, imagine entre os homens, que geralmente ocupam os cargos de gestão e liderança nas empresas (alô, patriarcado!).
Então vamos compreender de uma vez por todas o que acontece no corpo da mulher durante o seu ciclo menstrual - que não se limita aos dias de sangramento - como isso afeta a sua vida e qual a relação com a licença menstrual . O ciclo se inicia com o primeiro dia da menstruação e acaba com o começo da próxima.
Durante todo o ciclo, entram em cena diversos hormônios, principalmente a progesterona e o estrogênio, responsáveis por preparar o corpo da mulher para uma possível gestação.
Toda essa oscilação hormonal afeta também a disposição, o humor, a libido, etc.
As fases do ciclo menstrual
O primeiro dia do ciclo e, consequentemente, do sangramento, é marcado pelo início da fase folicular, momento em que a concentração de estrogênio e progesterona é baixa. Durante a menstruação, podem surgir sintomas como cólicas, dor de cabeça e fadiga.
A fase folicular, que dura em torno de 14 dias, é um momento considerado de alta produtividade, mais disposição e uma atividade cerebral mais positiva.
Os folículos começam a aumentar a produção de estrogênio, que chega ao seu nível máximo antes da ovulação. A fase folicular se encerra com o aumento do hormônio luteinizante (LH), para dar início a próxima fase, que é a ovulação.
Ah, a ovulação! A fase da autoestima elevada, libido nas alturas e daquela sensualidade exalando, tem início com o aumento súbito do hormônio luteinizante, que estimula o rompimento do folículo ovariano para que o óvulo seja liberado. A fase se encerra após a liberação do óvulo.
Inicia-se, assim, a fase lútea. O corpo lúteo, tecido formado pelo rompimento do folículo, produz, além de estrogênio, uma maior quantidade de progesterona, que provoca modificações no endométrio, favorecendo a manutenção de uma possível gravidez.
Nessa última fase do ciclo a irritabilidade aumenta e surgem os clássicos sintomas da Tensão Pré-Menstrual, graças ao aumento dos níveis de progesterona, que contribui para a produção de cortisol, o hormônio do estresse.
E então, a gestação não ocorrendo, o corpo lúteo regride, interrompe a produção de hormônios e é absorvido. Os níveis de estrogênio e progesterona diminuem e o endométrio se descama, dando início à menstruação, começando tudo outra vez.
Ufa! Viu só como o corpo da mulher trabalha incansavelmente durante todo o ciclo menstrual? Enquanto tudo isso acontece internamente, as obrigações pessoais e profissionais não deixam de ser cumpridas e a falta de compreensão sobre essas fases e seus impactos faz com que as mulheres, frequente e injustamente, sejam taxadas de estressadas, choronas, frescas e outros adjetivos mais.
Licença menstrual e os ciclos da mulher
Agora que é possível compreender as alterações provocadas pelos hormônios durante todo o ciclo menstrual, levantamos as reflexões: faz sentido uma licença menstrual apenas para os casos de dor extrema?
A licença é um benefício que atende as particularidades femininas ou é apenas mais uma forma de discriminação e segregação?
A questão divide opiniões entre especialistas: é um benefício ou mais um estigma para marcar as mulheres? Na Espanha, o projeto trata apenas sobre o sintoma da dor, fato que já existe direito adquirido para qualquer tipo de doença. Seria a licença, nesse sentido, mais um tópico de desigualdade de gênero?
Por outro lado, o debate joga luz sobre a menstruação, tema comum a todas as mulheres, mas cercado de tabus, preconceitos e informações equivocadas.
Em uma sociedade patriarcal, ainda feita e voltada para homens, ter em discussão os impactos da menstruação sobre o corpo das mulheres pode ser mais uma potencialidade para a garantia de direitos básicos e fundamentais, tão difíceis de serem conquistados.
E você, já tinha ouvido falar sobre a licença menstrual? Acha que a proposta ajuda as mulheres?
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