Como você sabe, a Fleurity fomenta, de forma constante, discussões sobre o empoderamento, a liberdade, o prazer e a saúde íntima feminina. Entretanto, pautas como essas só são possíveis de serem discutidas por conta de um pensamento crítico filosófico que encontra-se em constante evolução e desconstrução.
Assim sendo, é importante esclarecer que a filosofia não procura por respostas e, sim, evoca questionamentos e produz uma reflexão crítica sobre a existência do ser humano e sua interação com a sociedade. São esses questionamentos que produzem movimentações significativas culturais.
Inclusive, se alguém perguntar a você: para que serve a filosofia? Está aí uma boa resposta.
Em outras palavras, praticar filosofia faz com que qualquer pessoa tenha a chance de deslocar-se de si mesmo e do local natural, social e político que ocupa para enxergar o outro - e respeitar o lugar que essa pessoa ocupa no mundo.
Filosófico, não é mesmo? É, por isso, que o conhecimento filosófico é importantíssimo para combater ideias distorcidas e preconcebidas sobre racismo e outras violências, como LGBTQIA+fobia.
Mas, como surgiu a filosofia?
Vale lembrar das aulas do ensino fundamental e médio, não é mesmo? Vamos retomar elas com você. Em síntese, a filosofia surgiu para substituir as explicações mitológicas, características da Grécia Antiga, entre o final do século VII a.C e o início do século VI a.C.
Portanto, o mundo, os fenômenos e os acontecimentos passaram a ser compreendidos de forma racional, sem narrativas sobrenaturais, compostas por simbologias e fantasias que os gregos utilizavam para explicar fatos relacionados à realidade que viviam.
Períodos da filosofia
Assim sendo, podemos afirmar que a filosofia utiliza primordialmente a razão e, por questionar o mundo, ela evolui conforme o tempo. Por esse motivo, passou historicamente por quatro grandes períodos, com seus respectivos pensadores e pensadoras de referência.
Filosofia na prática
Eis a libidinagem sorrateira da filosofia. Para alguns, um campo de estudo impossível de ser compreendido; para outros, completamente desnecessário.
E enquanto esses dois extremos discutem, ela segue provocando constantes disrupções e pautando questões como as que tratamos no blog da Fleurity.
Em outras palavras, não precisa ter um conhecimento filosófico profundo para praticá-la. Ela simplesmente está acontecendo quando você passa a questionar determinados pensamentos e/ou comportamentos do dia a dia e da sociedade em si.
De qualquer forma, nós preparamos seis formas de usar a filosofia, acima de tudo, para combater preconceitos sobre determinados assuntos, como racismo e LGBTQIA+fobia.
Bora filosofar?
1. Não tenha medo de refletir
Você já parou para pensar sobre como uma mulher em situação de vulnerabilidade social lida com a saúde íntima dela? Já se perguntou por qual motivo foi criado uma pílula anticoncepcional para mulheres e não para homens?
Sabe como um homem trans, que não fez a cirurgia de redesignação sexual, se relaciona com o ciclo menstrual? Ou por qual razão sempre houveram maquiagens para vários tons de pele clara, mas nenhum (até pouco tempo) para vários tons de pele preta?
Esses questionamentos são apenas alguns exemplos para que você entenda o que estamos querendo dizer com “não ter medo de refletir”.
Questionar não é ruim; tampouco pejorativo quando feito com gentileza e a curiosidade é genuína. Portanto, questione o que já está estabelecido.
2. Escute ao invés de ouvir
Escute o que as pessoas têm a dizer ao invés de apenas esperar pela sua vez de falar (ouvir). Preste atenção na história e, acima de tudo, na vivência que aquela pessoa possui, bem como em cada palavra que ela fala e informação que reproduz. Dessa forma, você trabalha a empatia e, de quebra, amplia a sua visão de mundo.
3. Aprofunde o seu conhecimento
Caso você perceba que possui afinidade com determinado tema, procure, então, aprofundar os seus conhecimentos filosóficos, através de artigos científicos, livros que resumem a obra de pesquisadores(as) e até mesmo vídeos e podcasts que cumprem esse papel.
Filósofos(as) que discutem a questão do racismo
Exceto Achille Mbembe, as cinco mulheres que compõem a lista abaixo são ativistas do movimento antirracista, possuem uma rica produção intelectual sobre a causa que, por sua vez, não deixa de ser atravessado por questões feministas.
Isto é, Lélia Gonzalez, Angela Davis e Chimamanda Ngozi Adichie são grandes pensadoras feministas. Ademais, é importante falar que nem todas são filósofas; bell hooks e Chimamanda Ngozi Adichie são escritoras, por exemplo.
Filósofas feministas
Em relação a filósofas feministas, alguns nomes já foram citados acima, na Filosofia Contemporânea. No entanto, vale a pena repetir:
Lembre-se: não são leituras fáceis para quem está começando, muito pela complexidade do tema, exceto Djamila Ribeiro que faz questão de tornar a linguagem acessível em alguns livros. Mas, é um excelente começo.
4. Exerça a autocrítica
Sempre que acreditar ter encontrado a verdade a respeito de alguma coisa ou situação, volte três casas e reflita, questione-se. É um trabalho árduo, nós sabemos, mas garante o seu crescimento pessoal e distancia você do preconceito.
Em outras palavras, diminua o “eu tenho razão” do vocabulário e dê espaço para “vou refletir” ou “vou estudar sobre”. Isso porque “quando reconhecemos nossa ignorância e nosso desconhecimento a respeito de tanta coisa, naturalmente nos abrimos a explorar o inexplorado”, resume o blog Eu Sem Fronteiras.
5. Permita-se
Por fim, faça o que der na telha, respeitando, é claro, o espaço do outro e levando em consideração as consequências de seus atos. Em outras palavras, procure viver experiências novas.
Entretanto, permite-se escutar músicas de outros países, assistir a seriados e filmes do oriente médio, fazer um esporte que não é comum no brasil e até aprender uma nova língua.
O motivo? Esse comportamento fará com que você amplie o seu campo de visão e passe a refletir sobre a sua vida de forma inerente - e isso, nada mais é, do que filosofar.